Adolescente mantida em cárcere por dois anos foge após encontrar escada no quintal
- Redação Ogoiás | Goiânia

- há 24 horas
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Uma adolescente de 16 anos conseguiu fugir de casa, em Goiânia, depois de encontrar uma escada esquecida no quintal durante a madrugada. Mantida em cárcere pelos próprios responsáveis por cerca de dois anos, ela pediu ajuda a uma vizinha por volta das 6h, em um ponto de ônibus. A mãe, o padrasto e outra mulher — que viviam como um trisal — foram presos.
O caso ocorreu no Setor Leste Universitário. A jovem e a mãe são de Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal, mas estavam morando na capital. Segundo informações, a adolescente conseguiu pular o muro usando a escada e caminhou até a rua, onde abordou uma moradora que acabava de chegar de viagem.
A dona de casa Albanita Aires Marques Vilas Boas contou que a menina estava muito debilitada, magra e com uma sacola na mão.
“Ela pediu: ‘Moça, por favor, faz uma chamada pra mim’. Perguntei pra quem, e ela disse: ‘Meu pai’”, relatou.
A adolescente foi levada ao Hospital da Mulher (Hemu) e passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) para verificar lesões e possíveis outros tipos de violência. A Delegacia Estadual da Mulher (Deam) confirmou que os três suspeitos estão detidos. O caso será investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), sob sigilo.
Relatos de tortura
Segundo o Conselho Tutelar, a vítima era submetida a punições constantes por motivos banais. As agressões incluíam surras com cabos elétricos, madeiras, tubos de PVC e queimaduras de cigarro. Ela também ficava dias sem comer e, por vezes, era impedida de tomar banho ou obrigada a permanecer de joelhos durante a noite.
“A adolescente está bastante machucada. Eles criavam formas de punir”, afirmou a conselheira tutelar Aline Pinheiro Braz dos Santos.
O pai da jovem, que foi acionado pela vizinha e veio a Goiânia para acompanhar o caso, disse que a ex-companheira sempre impediu o contato dele com a filha.
“Ela dizia que minha filha estava bem, mas nunca deixou eu falar com ela. Pela situação em que a encontrei, percebi que estava presa, dormindo no chão”, relatou.
No Boletim de Ocorrência, a adolescente contou que era obrigada a acreditar que merecia os maus-tratos por ser “uma pessoa ruim”.
A investigação segue em andamento.











